Corro,
mesmo sem ter para onde ir.
Ando de pressa,
como se o tempo corresse mais rápido
do que, de fato, procede.
Penso, penso, penso...
No mundo da agilidade,
da prontidão,
da resposta rápida.
Mecanicamente,
a roda dentada,
atrelada à máquina
[ainda não sei o que faz].
Um intenso mover de roldanas
perfeitamente sincronizadas,
lubrificadas e barulhentas.
Não há para onde fugir,
o Mundo absorve,
faz mover no passo das
[outras] engrenagens.
Bloqueio.
Não crio.
Escurece...
De dentro um desejo
o suposto surto revela
Não permito mais!
Aperto O botão,
a peça se solta, pula
para o mundo negro
da noite dolorosa.
[Luto] contra as forças
d’uma gigantesca
“massa das pílulas da alegria”.
Enfrento.
Não ouso mais resistir
às sensações
[mesmo às ruins].
Desato os nós e faço [o] fluir
Entrego ao vento,
Permito o suave
Ponho em movimento
A [verdadeira] ciência.
Deixo a Terra
fazer brotar as sementes
em seu passo real,
sem aditivos ou agrotóxicos.
Espero maturar.
Planta mais forte,
sobrevivente,
sábia.
Saboreio o sumo.
Doce preparado
ao mesmo fogo
antes sem combustível.
Hoje pronto para
seguir seu rodopio
no pavio da vela
a iluminar o novo.
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